quarta-feira, 6 de junho de 2012

CONFRONTO DE GERAÇÕES - POPÓ vs MICHAEL

Acelino Freitas, o “Popó”, encerrou a carreira como boxeador. Na noite deste sábado (2), em Punta del Este, no Uruguai, o baiano voltou aos ringues após cinco anos parado para uma última luta, contra o jovem campeão latino do Conselho Mundial de Boxe e ainda invicto Michael Oliveira. Apesar da diferença de idade de 14 anos (36 contra 22) e a longa inatividade, Popó dominou o combate e, após dois knockdowns, venceu o “Rocky Brasileiro” por nocaute técnico no nono assalto.
Tetracampeão mundial, Popó se aposentou oficialmente do Boxe 
Mesmo longe dos ringues desde 2007, quando foi derrotado por Juan Díaz, Acelino Popó mostrou estar em forma e apresentou boa mobilidade, se esquivando dos socos de Michael Oliveira e partindo para o ataque. Apoiado pela maior parte do público, no terceiro assalto o baiano conectou uma combinação de golpes que balançaram o adversário, caracterizando umknockdown e abrindo a contagem. Após ampla vantagem de Popó, Michael cresceu no sexto e sétimo assaltos, quando conseguiu ter alguns bons momentos.
Mas o tetracampeão mundial e atual deputado federal continuava vivo na luta e desferindo golpes duros. No nono assalto, Michael sentiu. Em uma sequncia de socos, o jovem paulista foi mais uma vez à knockdown, mas conseguiu continuar no combate. Pouco tempo depois, Popó aproveitou a superioridade e acertou mais golpes, levando o oponente à lona e vencendo por nocaute técnico.
Após a luta, quando questionado sobre o bom condicionamento e como aguentou nove rounds, Popó explicou que estava afastado dos ringues, não dos treinamentos. Apesar das provocações que cercaram o combate, o baiano foi até Michael e deu apoio ao jovem atleta, que foi derrotado pela primeira vez na carreira. “Falei para ele que já perdi um título mundial e recuperei. Ele vai crescer também”, declarou Popó.
Acelino Popó Freitas se aposenta do Boxe com 39 vitórias (33 nocautes) e apenas duas derrotas. Conquistou quatro títulos mundiais – dois pelo peso super pena e dois pelo peso leve.
Opinião do Jornaleiro
Quem sabe, sabe e não desaprende. Último grande pugilista brasileiro e responsável pelas últimas alegrias tupiniquins no Boxe, Popó mostrou, mais uma vez – e pela última vez-, sua qualidade. Merecia uma despedida a altura, e teve Michael Oliveira, invicto e apontado como um possível substituto seu, como adversário. O baiano foi agressivo e acertou bons socos durante a luta. Quando atacado, também teve agilidade e reflexo para se esquivar. Com amplo domínio no duelo, um final com “chave de ouro”: um nocaute que levantou não só o público da arquibancada, mas, certamente, milhares de brasileiros do sofá por todo o país.
Quanto a Michael Oliveira, a comparação com Popó não é saudável. O jovem deve trilhar seu próprio caminho dentro do esporte, sem pressão para ser o substituto de “X” ou “Y”. Não será um “novo Popó”. Michael já mostrou que tem qualidade, não para ser o “garoto de ouro” do Boxe brasileiro. O fato de ser de família de classe média-alta e ter sido criado nos Estados Unidos também dificulta na identificação da massa com o atleta, impossibilitando o status de ídolo nacional. Que Michael conquiste seu espaço – sem comparações com Popó.