sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BIOGRAFIA DA DUPLA ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO


PERFIL ZEZÉ DI CAMARGO

Mirosmar José de Camargo, o filho mais velho de seu Francisco e dona Helena, sempre encarnou muito bem o papel de primogênito: responsável, equilibrado e comedido com as palavras. Fora do palco, nunca altera o tom de voz. A mãe, dona Helena, explica de onde vem todo o respeito que os sete irmãos sentem por ele: “Eu digo para todos que Zezé lhes deu leite, pois ajudava muito a família.” Orgulhosa, ela acha que se não fosse a coragem de seu filho mais velho ter ido para São Paulo tentar o sucesso, talvez hoje a dupla não estivesse onde está.

Pai de três filhos: Igor, Camilla e Wanessa.

Zezé é um vaidoso assumido. Não pode ver um espelho e já está se admirando, sempre ajeitando o cabelo com as mãos.

Ao longo da carreira seu visual mudou bastante. O estilo das roupas, o corte de cabelo, tudo isso foi se adaptando às tendências de cada temporada. Mas a sua essência, e talvez o grande segredo de tamanho sucesso, nunca se alterou: cantar o amor de maneira simples, universal.


RAIO X

Nome: Mirosmar José de Camargo
Nascimento: 17/08/62, Pirenópolis – Goiás
Signo: Leão.
Prato: “Fundo e cheio, de preferência de comida caseira”.
Roupa: A que ficar bem em mim. Mas gosto de me vestir com as grifes Ricardo Almeida e Versace.
Perfume: Azzaro.
Xampu: Qualquer um. Às vezes uso até sabonete.
Relógio: É uma paixão.
Sapato: Vai de acordo com o tipo de roupa.
Carro: “Confortável. Já fui mais ligado à marca. . Foi uma fase de deslumbre. Hoje, não.”
Viagem: Aspen, nos Estados Unidos. Gostaria de ir para a Grécia.
Livro: A Bíblia.
Filme: Um Sonho de Liberdade.




CRÔNICA DE ZEZÉ DI CAMARGO SOBRE SEU PAI

“Sempre admirei a sabedoria do velho Chico. Diante de sua humildade e a mínima formação escolar, meu pai arranjou uma forma irreverente para me ensinar a “ler as horas’, como ele dizia.

Eu deveria ter uns seis anos e já era apaixonado por relógio. Isso faz tempo… A gente morava num vilarejo, lá em Pirinópolis, e raramente ia para a cidade ver as lojinhas. Uma vez, eu vi uma foto de um relógio numa revista, na verdade numa página solta, que embrulhava uma compra que eu, menino de recados, fazia para a minha mãe, na mercearia. O que tinha dentro já nem lembro mais. Mas peguei aquela página e corri para mostrar ao meu pai:

“Pai, quero um presente deste! É muito bonito. Assim eu vou saber as horas?”

“Vai, meu filho. Mas o melhor é entender a força do tempo. Melhor que ler as horas, é saber lidar com o tempo”.

Foi aí, que entre tantas perguntas, reação típica nesta fase da vida, eu indaguei: “Mas quem inventou o relógio?”

Como é bem a linha de seu Chico, ele contou uma longa história. Hoje, eu sei que é o estilo dele, mas na época eu acreditava naqueles causos, mas isso só o tempo mostrou. Pois bem, assim nasceu a lição das horas, segundo meu pai: “Diz a lenda que para medir o tempo, os deuses criaram o relógio. Queriam algo redondo como a Terra. Mas havia aqueles que não concordavam com o formato em círculo e criaram a ampulheta. Dentro, os grãos de areia serviam de medidores.

Por que a areia, pai? – era mais uma pergunta. Qual criança nessa idade, ouve sem perguntar?

Por uma questão simbólica, foi a bela resposta do meu pai. E foi explicando: como o tempo, a areia escorre tão rápido das nossas mãos, voa… Voa como o tempo. Com o passar do tempo, o universo conspirou: a era dos deuses passou e a época dos ponteiros, indicando segundos, minutos e horas chegou. E nada melhor para contar o tempo do que os números. É uma questão matemática.

Já que o mundo é redondinho e dá voltas, o relógio, símbolo maior do tempo, tinha de ser assim: como a Terra.

E tudo voltou a ser como antes, como queriam os deuses. Pelo menos é o que diz a lenda.

Mas, pai, e o relógio, você vai comprar?

O tempo passou e eu só fui colocar um relógio no pulso um ano depois. Nem por isso, deixei de aprender as horas. E foi com mais uma atitude exemplar por parte de meu pai. Foi ele que fundou uma escola no Sítio Novo, onde morávamos, para que as crianças aprendessem a ler e a escrever. Assim, aprendemos também as horas.

Mas, quando subi no palco pela primeira vez, ganhei um relógio. Foi minha mãe que deu e meu pai fez questão que o presente viesse dela. Hoje, entendo a lição: é a mulher que gera a vida, exibe uma barriga redondinha como a Terra e tem o dom de mostrar que, para existir vida, precisa ter tempo. As horas, bem, ora as horas, são apenas detalhes neste mundo que dá tantas voltas. Como os ponteiros de relógio, claro.”



PERFIL LUCIANO

Welson David Camargo, nome de batismo de Luciano, é extremamente metódico. Gosta das coisas organizadas e bem cuidadas e as mantém assim.

Quando mostra seus livros, uma grande paixão, exibe com orgulho as orelhas sem dobras. Aponta também os trechos sublinhados. “Primeiro eu leio uma vez. Depois leio de novo, para estudar mesmo”, conta. Autodidata, estudou até a 3ª série do ensino fundamental e hoje devora textos de política, teologia e filosofia. Tempo para se dedicar à literatura ele diz que encontra no avião, nos hotéis e em casa. Mas é quando passa férias na fazenda que tem sossego suficiente para mergulhar nos livros.

Casado com a arquiteta Flávia Fonseca, Luciano se diz apaixonado e realizado.

Pai de Nathan, Wesley, Talita, Helena e Isabella, Luciano se define como um homem caseiro, amante do cinema e dedicado à família.

Arleyde Caldi – Mtb 23.331



RAIO X

Nome: Welson David Camargo
Nascimento: 20/1/73, Pirenópolis – Goiás
Signo: Capricórnio.
Prato: Legumes, verduras e saladas com bastante tomate.
Roupa: Não ligo para marcas, só tem que cair bem.
Perfume: “O da minha mulher”
Xampu: Qualquer um. Só uso nacionais, como o Organics.
Sabonete: Da Natura, de erva-doce e Nívea.
Relógio: Frank Müller.
Sapato: O que for confortável.
Carro: Basta ter quatro rodas.
Viagem: “A da minha lua-de-mel, nas Ilhas Maurício”.
Livro: “O Livro das Religiões”, de Jostein Gaarder, “Estação Carandiru”, de Dráuzio Varella e o “Caçador de Pipas”, Khaled Hosseini.
Filme: “E o Vento Levou”.




CRÔNICA DE LUCIANO CAMARGO SOBRE SEU PAI

São tantas as lições que meu pai me ensinou. Mas, de todas elas, duas marcaram minha infância e as sigo como exemplo até hoje.

Nossa família é grande, mas, quando éramos pequenos, morávamos numa casa bem pequena. O dinheiro era pouco, a luta grande e a sabedoria do velho Chico mais ainda. Meu pai, na sua brilhante maneira de nos educar, usava o verbo dividir para tudo. “Quem sabe dividir, sabe multiplicar”, dizia ele. “Jesus multiplicou os pães para dividir entre os irmãos”, completava.

Em dias difíceis, com pouca comida, ao invés da minha mãe colocar um pouco em cada prato, ele pedia para que comêssemos todos no mesmo prato. Chamava cada um pelo seu próprio nome, juntava os oito filhos na mesa e falava: “Vocês vão comer todos juntos no mesmo prato para entender a maior de todas as lições entre os irmãos: a união. Faço isso para que vocês sejam unidos por toda vida”. E detalhe: a garfada era por ordem de nascimento. Assim, a gente aprendia também a conviver com a hierarquia familiar. Assim, compartilhamos até hoje. O que o mais velho diz, o outro respeita.

Talvez na época eu acreditasse que a comida estava na quantidade certa. O que é isso diante do mais nobre alimento? Daquele que não pode faltar em todas as mesas: o amor.

A segunda lição serviu como meu primeiro ofício. Eu deveria ter uns oito anos quando decidi que precisava ajudar em casa de alguma forma. Meu pai estava na construção (ele era mestre de obras) e eu fui levar a sua marmita, preparada sempre com muito carinho pela minha mãe Helena.

Comecei a falar com ele que eu precisava trabalhar, mas não sabia o que fazer. Meu irmão Zezé Di Camargo já cantava. Era o começo dele nesta difícil arte do mercado fonográfico. E eu era (e continuo sendo) seu fã número 1. “Pai, quero brilhar como meu irmão”.

Foi quando ele soltou uma frase marcante: “Já sei Welsinho o que você pode fazer. Quando retornar, vou te ensinar uma coisa”.

À noite, meu pai chegou com um caixote de madeira, me chamou no quintal e, sem falar o que iríamos produzir, juntos, começamos a fazer uma caixa de… engraxate!

Foi uma grande surpresa. A cada peça serrada, a cada prego batido pelo velho martelo, ele me contava seus “causos”. Depois, tirando de um saquinho pastas, escovas, flanelas e graxa, anunciou: “Welsinho, aqui está seu material de trabalho. Seu primeiro ofício será o mais nobre de todos: dar brilho aos passos dos outros. Sabe por quê? A gente só aprende a brilhar, quando dá luz aos caminhos do próximo”.

São essas as brilhantes lições que sigo no meu caminho, embora o destino me permitiu dividir cena com meu irmão neste palco iluminado que é a vida.


FONTE: