Marcos Paulo Simões nasceu em São Paulo, em 1º de março de 1951, e foi criado no bairro do Bixiga. Filho adotivo do ator, diretor, produtor e autor de TV Vicente Sesso, tomou contato com o universo da televisão desde muito cedo. Como na época as emissoras ainda não tinham estruturas de produção muito desenvolvidas, era comum que boa parte do trabalho fosse concluída na casa de Vicente Sesso. Lá ocorriam ensaios de programas e eram finalizados cenários e figurinos – depois transportados num caminhão para os estúdios. Marcos Paulo cresceu entre os marceneiros e técnicos de televisão e, também, em contato com alguns dos maiores atores da época, como Fernanda Montenegro, Francisco Cuoco e Sérgio Britto.
Aos 5 anos, Marcos Paulo começou a trabalhar com o pai, fazendo teatro infantil. Logo depois, iniciou sua carreira na televisão atuando em adaptações de peças infantis. Em 1967, fez sua primeira novela na TV Excelsior de São Paulo: O Morro dos Ventos Uivantes. Trabalhou também na TV Record, em Ana, a Professorinha (1968), e na TV Bandeirantes, em Era Preciso Voltar (1969), ambas as novelas escritas por Sylvan Paezzo. Ainda em 1969, trabalhou ao lado de Fernanda Montenegro, Francisco Cuoco e Tônia Carrero na novela Sangue do Meu Sangue, escrita por Vicente Sesso e apresentada pela TV Excelsior.
Marcos Paulo começou a trabalhar na TV Globo em 1970. Sua estreia ocorreu na novela Pigmalião 70, também de Vicente Sesso, ao lado de Sérgio Cardoso e, mais uma vez, de Tônia Carrero. Em seguida, trabalhou em A Próxima Atração (1970), de Walther Negrão, e em Minha Doce Namorada (1971), de Vicente Sesso, sempre em papéis de galãs de boa-índole. Na novela seguinte, O Primeiro Amor, de Walther Negrão, Marcos Paulo interpretou seu primeiro vilão: Rafa, o líder de uma gangue de motociclistas arruaceiros.
Em 1972, fez parte do elenco do primeiro programa gravado em cores da TV brasileira: Meu Primeiro Baile, um episódio doCaso Especial adaptado por Janete Clair da peça Carnet de Bal, de Jacques Prevert. Também em 1972, trabalhou em Uma Rosa com Amor, de Vicente Sesso. Seu personagem, o jovem ator iniciante Sérgio, vivia um romance com Roberta, uma atriz mais velha e experiente, vivida por Tônia Carrero. Em 1973, atuou na novela Carinhoso, de Lauro César Muniz, como o piloto de corridas Eduardo. Seu personagem formava um triângulo amoroso com Regina Duarte e Cláudio Marzo.
Nos anos seguintes, trabalhou em diversas novelas, como Fogo Sobre Terra (1974), de Janete Clair; Gabriela (1975), de Walter George Durst; O Grito (1975), de Jorge Andrade; O Casarão (1976), de Lauro César Muniz; e Nina (1977), de Walter George Durst. Estava escalado para trabalhar na primeira versão de Roque Santeiro, em 1975, mas a novela foi censurada na véspera da estreia.
Em 1978, já consagrado como ator, Marcos Paulo passou cinco meses nos Estados Unidos fazendo um curso de direção na New School. Quando retornou ao Brasil, estreou como diretor na novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, ao lado de Dennis Carvalho e José Carlos Pieri. Os três assumiram a direção da novela a partir do capítulo 75, no lugar de Gonzaga Blota.
Marcos Paulo dirigiu também as novelas Brilhante (1981), de Gilberto Braga; Roque Santeiro (1985), de Dias Gomes; Fera Ferida (1993) e A Indomada (1997), de Aguinaldo Silva; Salsa e Merengue (1996), de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa; Meu Bem Querer (1998), de Ricardo Linhares; Força de um Desejo (1999), de Gilberto Braga; Porto dos Milagres(2001), de Aguinaldo Silva; e O Beijo do Vampiro (2002), de Antonio Calmon.
Além do trabalhos em novelas, dirigiu os seriados Plantão de Polícia (1979) – no qual também atuou –, Delegacia de Mulheres(1990) e Carga Pesada (2003), além da minissérie Parabéns pra Você (1983), de Bráulio Pedroso. Participou do projeto de criação do seriado Armação Ilimitada, em 1985, e foi diretor de alguns episódios do Caso Especial (1972-1992) e do Você Decide (1992). Dirigiu, ainda, alguns programas musicais da série Grandes Nomes (1981), ao lado de Daniel Filho, e foi, junto com Miguel Paiva, um dos idealizadores do programa Radical Chic, em 1993.
Após um período dedicado apenas à direção, Marcos Paulo voltou a atuar na novela Eu Prometo (1983), de Janete Clair, e no episódio As Dores do Parto, da Quarta Nobre. Nessa época, trabalhou também como ator em Corpo a Corpo (1984), de Gilberto Braga, e em Sinhá Moça (1986), de Benedito Ruy Barbosa – trabalho pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator em Montreaux, na Suíça, no Golden Rose Festival. Em Brega e Chique (1987), de Cassiano Gabus Mendes, viveu seu primeiro personagem cômico, o Luiz Paulo.
Em 1988, interpretou o papel-título da minissérie O Primo Basílio, adaptação de Gilberto Braga e Leonor Bassères do romance de Eça de Queiroz. Depois disso, atuou em O Salvador da Pátria (1989), de Lauro César Muniz. Em seguida, fez as novelas Tieta (1989) e Meu Bem, Meu Mal (1990), de Aguinaldo Silva; Despedida de Solteiro (1992), de Walther Negrão, na qual interpretou o vilão Sérgio Santerém; Olho no Olho (1993), de Antonio Calmon; Quatro por Quatro (1994), de Carlos Lombardi; Cara e Coroa (1995), de Antonio Calmon; e Por Amor (1997), de Manoel Carlos.
Em 2004, protagonizou a novela Começar de Novo, de Antonio Calmon e Elizabeth Jhin, e, em 2006, fez parte do elenco dePáginas da Vida, de Manoel Carlos. Também participou das minisséries Meu Destino é Pecar (1984), A, E, I, O... Urca (1989) e Tereza Batista (1992).
Em 1998, Marcos Paulo assumiu um dos núcleos de produção de programas da TV Globo. Sob a responsabilidade desse núcleo, foram realizadas as novelas Meu Bem Querer (1998), Força de um Desejo (1999), Porto dos Milagres (2001), O Beijo do Vampiro (2002), Começar de Novo (2004) e Desejo Proibido (2007). Outros programas também produzidos pelo núcleo Marcos Paulo foram Você Decide, Malhação, o especial de fim de ano Estação Globo e Os Caras de Pau.
No teatro, entre vários trabalhos, atuou em Quando as Máquinas Param (1971), de Plínio Marcos, e Deus lhe Pague, de Joracy Camargo. No final dos anos 1970, montou a peça As Gralhas, de Bráulio Pedroso – pela qual recebeu o prêmio Mambembe como diretor-revelação –, e Sinal de Vida, de Lauro César Muniz.
Em 1972, estreou no cinema em Eu Transo... Ela Transa, de Pedro Camargo. Trabalhou nos filmes Mais que a Terra (1990), de Elizeu Ewald; Apolônio Brasil (2003), de Hugo Carvana; Diário de um Novo Mundo (2005), de Paulo Nascimento, e Se Eu Fosse Você 2 (2009), de Daniel Filho, entre outros. Em 2010, estreou na direção do longa-metragem Assalto ao Banco Central, estrelado por Lima Duarte, Giulia Gam, entre outros.
Marcos Paulo faleceu em 11 de novembro de 2012, em casa, vítima de embolia pulmonar. Em maio do ano anterior, teve diagnosticado um câncer no esôfago e chegou a ficar internado durante 20 dias para tratamento.
FONTE: GLOBO.COM