terça-feira, 2 de outubro de 2012

TRABALHO DE FORMIGUINHA



Tem dia que parece que a gente levanta “com o pé esquerdo”, cheio de vontade de reclamar, de se revoltar contra as “injustiças da vida”, pronto pra começar um motim qualquer... Pois é.
Mas será que tanta reclamação adianta? Resolve alguma coisa?

Será que o filho rebelde vai mudar de atitude só porque enchemos os seus ouvidos de reclamações? Ou dar a ele responsabilidades e impor limites desde logo, para lhe conferir direitos, seria o mais acertado?

Será que o político corrupto vai mudar de atitude só porque ficamos reclamando contra a corrupção na fila do banco e do supermercado? Ou levar a sério o nosso poder de escolha pelo voto seria o mais acertado?

Será que o companheiro preguiçoso vai mudar de atitude só porque passamos o dia todo a reclamar por ter muitas coisas a fazer, enquanto ele fica no bem-bom? Ou dividir tarefas seria o mais acertado?

Só reclamar não muda coisa alguma. As outras pessoas não mudam apenas em função da nossa crítica. Elas só irão mudar depois que nós mudarmos, depois que deixarmos de ser complacentes e “bonzinhos”, tolerando a primeira falcatrua, e a segunda, e a terceira, para então protestar só bem lá na frente, quando a coisa já entornou de vez...

É preciso uma mudança interna e profunda, em nós, para que outras mudanças aconteçam à nossa volta. Isso exige uma dedicação contínua, um trabalho de formiguinha...

Mudar internamente exige muito trabalho e esforço. Exige, antes de tudo, que a gente defina aquilo que quer e aquilo que não deseja. Mas esta mudança interna, este centramento, acaba transformando a nossa sintonia. E ao mudar de frequência, passamos a atrair situações e pessoas diferentes, em harmonia com aquilo que agora começamos a sentir, pensar e irradiar.

Definir o que se quer é ser sincero e honesto consigo mesmo. E se não estamos sendo sinceros conosco, se não damos este primeiro passo, como havemos de esperar que os outros sejam sinceros e honestos conosco?

A vida é um eterno dar e receber. Quanto maior o número de pessoas dispostas a essa mudança interna, maior será a repercussão da mudança dessas energias na sociedade como um todo. Quando nos determinamos a isso, a nossa capacidade de realização cresce, e muito. É o que acontece num formigueiro, onde todas as formiguinhas se põem a trabalhar, cada uma carregando apenas aquilo que lhe cabe, e um grande trabalho final é realizado, até porque as formigas transportam pesos extraordinários!

Grandes transformações começam por pequenas mudanças. Pequenas, porém sólidas.

O bom é fazer o que se pode a cada momento. Dizer sim, quando é sim. Dizer não, quando é não.

Se não me agrada fazer pelo outro aquilo que ele é capaz de fazer, por qual motivo eu faço? Só para reclamar depois? Quem errou primeiro: o folgado que largou o corpo, ou fui eu que o carreguei na primeira vez?

Ignorar meus próprios limites vai me fazer bem? Não.

Ajudar é uma coisa. Fazer pelo outro é bem diferente. Fazer pelo outro é o mesmo que concordar com uma injustiça contra a nossa liberdade, além de privar o outro da oportunidade de se corrigir e fazer melhor por si mesmo. Pequenas injustiças acabam gerando muitas outras e aí nos deparamos com um quadro geral desanimador...

Na vida em comum, precisamos uns dos outros. Mas de uma forma clara, sem dependências e chantagens doentias. Tudo precisa ser bem claro e definido. Nada de ilusões e trapaças... Quem se ilude acaba iludido. Quem se engana acaba enganado. Viver nesse faz-de-conta não é saudável. “Faz-de-conta que estou feliz; faz-de-conta que não preciso mudar; faz-de-conta que o outro vai mudar; faz-de-conta que posso esperar que alguém faça por mim; faz-de-conta que o tempo não passa; faz-de-conta que temos o tempo nas mãos e podemos brincar de faz-de-conta com a Vida”...
É melhor a gente acordar dessas fantasias e começar logo a fazer as mudanças que precisa fazer na própria vida. Programar-se. Estabelecer metas, arregaçar as mangas e começar a trabalhar para atingi-las. Colocar a mente em coisas úteis, não se entregando a lamentações. Acreditar na Vida Maior, que não nos colocou aqui para sofrer e lamentar, mas sim para aprendermos, crescermos e realizarmos.

Observemos a Natureza. Árvores frondosas crescem para o alto ao mesmo tempo em que lançam raízes profundas na terra, para se sustentarem. Também nós precisamos de raízes. Precisamos estar fundamentados nas aspirações da nossa alma imortal. Sufocar a vontade da alma para viver num faz-de-conta, isso não nos garante um caminho de felicidade.

Para construir a felicidade, precisamos despertar. Precisamos escutar os conselhos do coração, que tem a voz da nossa Divina essência. Escolher os caminhos do coração é um bom roteiro para se construir a felicidade, a cada dia.


Fonte: Instituto Cultura Sete Porteiras do Brasil
Texto: Maria de Fátima