Veja abaixo algumas das experiências de Popó na política, em forma de desabafo.
Recordo como hoje cada desafio que enfrentei na vida. As lutas contra as mazelas sociais, e também contra grandes adversários no mundo do boxe. Dormi no chão, literalmente, até meus 23 anos, mas também conquistei... Levei o meu país por quatro vezes ao pódio, e por também outras dezenas de defesas, ao mais alto escalão do esporte no mundo.
Talvez nenhuma palavra expresse com exatidão tudo o que passei. Isso só eu e minha família sabemos! Mas essa não foi uma realidade só minha. Histórias semelhantes têm de milhares em nosso Brasil. Pelo menos, na parte das dificuldades, sim. Por isso acreditei que, por conhecer os anseios do povo na pele, eu pudesse ajudar. Nem que fosse com uma oportunidade. Afinal, eu só precisei de uma (e muita dedicação) para me tornar o Popó reconhecido e respeitado mundialmente.
Foi então que mais uma vez precisava me desafiar. Voltei a estudar. Completei. E estudei mais ainda. Passei no vestibular e comecei a cursar direito.
Queria mais. A vida me ensinou a vencer um desafio e partir para outro. Foi então que surgiu a política. em 2010, faltando 45 dias para o dia em que o povo depositaria sua confiança e voto na urna, eu resolvi oficializar minha candidatura. O Brasil respirava o esporte (eu imaginava), com o anúncio de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em nosso país.
A campanha foi algo marcante para mim. Já nem precisava ganhar. Só em andar pela Bahia, meu estado, e receber carinho tão intenso do povo, foi incrível. Incrível, pois passei por lugares que literalmente não tinham nada, era deslocado de tudo. Mas tinha uma televisão. Todas essas pessoas me conheciam, me reconheciam. E não sei de onde, tiravam algum aparelho para registrar uma foto comigo. Pediam autografo. Se emocionavam. Me faziam parar para conversar com prazer e felicidade por tamanho carinho. Foram dias, realmente, inesquecíveis.
Não tive apoio em horário político, na televisão. Não tive milionários investimentos, como gastam por aí. Nem partido bancando, priorizando ou destacando minha campanha. Foi eu e o pé na estrada. Visitei mais de 250 municípios em 40 dias. Cheguei a configurar entre os 3 primeiros nas pesquisas internas dos partidos, ao cargo de Deputado Federal.
Mas, foi então, que a política já começava a se apresentar como ela realmente é e eu nem percebia. Uma política de interesses, que já começava antes mesmo do mandato. Uma política em que você não pode crescer sem "autorização" dos poderosos, dos mandatários.
Testado nas urnas, com todas essas nuanças, fui eleito primeiro suplente de deputado federal, em uma coligação que conquistou a reeleição no governo estadual e garantiu o mesmo grupo na esfera federal. Ou seja, exerci o cargo de Deputado Federal pela Bahia praticamente desde o início da legislatura.
Foram dias de felicidade, afinal mais uma conquista. No entanto, de incertezas. Não sabia exatamente como seria. O que encontraria. Como procederia. E as particularidades do meu dia-a-dia.
Minha primeira experiência foi imaginar que poderia influenciar no novo salário mínimo, afinal era necessário a votação orçamentaria do ano. Eu lembrei que 1 real, 10 reais, 100 reais que entravam extra na renda da minha família, era motivo de muita alegria. E busquei o maior valor que pudesse indicar para o novo salário mínimo no Brasil. Comecei a conversar com os colegas. Todos queriam tirar fotos comigo. Eu aproveitava e contava essa história do salário mínimo a eles. Que também se mostravam receptivos e demonstravam atender meu pedido de lutarmos por mais recursos ao salário do povo. Comecei a animar. Pensei que já começaria emplacando um gol. Foi então que já comecei com sensação de nocaute.
Sensação de nocaute, pois todo o esforço que fiz conversando com os parlamentares não valeu em nada. No final, todos acatariam a posição do seu partido. E os partidos, com raríssimas exceções, votariam de acordo com o governo. Afinal, tudo funciona como uma troca ali dentro. E "interesses" é a principal palavra para definir um pouco da conjuntura da política.
Nessa votação marcante para mim, eu vi o meu nome como Deputado sendo ofuscado pelo nome do Partido, que votava junto ao governo, na opção que preconizava valor menor ao salário mínimo. Comecei a perceber que estava lutando para ser vencido pelo "juiz".
Não hesitei em chamar meu partido em reunião e pedir para que eu pudesse ter autonomia e votasse de acordo com minhas convicções e desejos. Eu estava aprendendo política na prática.
Poderia citar aqui diversas experiências negativas. Mas esse não é o meu real propósito. Estou tão somente abrindo o coração para algumas coisas.
Eu sempre corri de "conversinhas" de corredores, ou de gabinete, com porta fechada e televisor alto. Entrosamentos e "lobby's" estranhos, com interesses obscuros. Nunca precisei disso. Não mudaria quem eu sou. E eu sou de verdade.
Chegou o momento de entender sobre emendas e destinação de recursos e projetos. Imaginei que estaria presente mais de perto e no dia-a-dia do povo. Mais uma vez percebi que está tudo sob o domínio, sob o controle, de acordo com os interesses do governo. Eles podem fazer cortes orçamentários. Podem liberar ou não. As vezes liberam limite, mas não empenham o recurso. Ou empenham, mas não pagam. Ou pagam, mas não executam. No final de tudo, o povo continua sendo o principal prejudicado.
Quando eu percebi que a minha palavra dada em reuniões pelo Estado, comprometimentos, e anúncios de projetos, estavam completamente submetidos aos interesses de outros, e esbarravam na burocracia institucionalizada, eu chamei minha assessoria e resolvi ser não mais o DEPUTADO POPÓ, mas o POPÓ, que ESTAVA DEPUTADO. O que isso quer dizer?
Quer dizer que eu resolvi usar minha imagem de atleta, meu respeito e reconhecimento mundial, para poder ter ações efetivas ao povo. Me juntei ao Romário, ao Tiririca, ao Danrlei e outros deputados, e criamos ações sociais por todo o Brasil. Em favor de instituições, de pessoas carentes e mais necessitadas. O FUTEBOL SOLIDÁRIO nasceu, o BATE-PAPO COM POPÓ NAS ESCOLAS nasceu, o CRACK? SO DE ESPORTE nasceu. E outras campanhas sócio-educativas, eventos sociais e ações específicas foram criadas com o intuito de SERMOS EFETIVOS, mesmo sem os RECURSOS POLÍTICOS.
Eu descobri que os recursos políticos foram institucionalizados para fazer política. Para garantir votos. Para garantir fotos. Notícias em jornais etc. Mas quase nunca para serem efetivos, de resultados.
Mas, mesmo assim, também continuei lutando por eles. Indiquei recursos e emendas foram destinadas para hospitais, para escolas, para quadras poliesportivas, para Unidades Básicas de Saúde, e diversas outras áreas. Alguns já executamos. A maioria, ainda na burocracia. E no famoso "vai pra lá, vem pra cá!".
Quase não falei no Plenário principal. Eu nunca imaginei aquele local como de efetivas discussões. Vejo muitos deputados falando, falando e falando, para depois fazerem seus cortes específicos e divulgarem. A maioria dos colegas, conversando. Poucos interagindo. Os assuntos se estendendo. As votações ficando para depois. E os anseios do povo, cada vez mais longes de serem resolvidos.
Agora, me destaquei nos plenários, nas comissões. Promovi debates, audiências públicas. Falei muito do que penso. Me envolvi com questões ligadas ao esporte, na Comissão de Turismo e Desporto. Fiscalizamos as obras à Copa do Mundo. Fizemos nosso papel. Pressionamos o governo. Lutei pelo legado social. Mas, também esbarramos nos "interesses" e também nas funções de outras pessoas, ou entidades.
Deputado não resolve tudo. Aliás, por vezes, Deputado não resolve nada.
Abracei a causa de milhões de brasileiros. Me envolvi em um tema que poucos tiveram coragem. Dei a cara a bater. Mas também ataquei. Ataquei, sim, em prol do povo, que por motivos políticos, tiveram seus bens bloqueados e seus sonhos postos água a baixo. Encontraram no marketing multinivel uma forma de mudança de vida, com trabalho digno. E os poderosos encontraram nesse segmento a possibilidade de acusar por "indícios de pirâmide financeira", afinal o povo estava começando a ganhar, a ficar independente, a reconhecer o potencial que tem. Eu defendi de maneira tão ferrenha isso, que chegaram a confundir meus reais interesses. Eu estou dentro. Sei das coisas que vem acontecendo, e o por que delas, como ninguém.
Mas isso me deu uma energia tão positiva. Eu percebi que posso brigar. Que poderia sim, continuar fazendo a diferença na política, e mesmo assim, isolado daqueles que não comungam com minhas intenções (mas ditam as regras do jogo), gerar resultados que refletiriam sobremaneira na sociedade.
E, justamente por "futucar" os poderosos, cheguei a enfrentar retaliações das mais diversas. Cheguei a ser chamado no Conselho de Ética do Congresso Nacional. Lá haviam denúncias contra mim, que poderiam me prejudicar. Sim, de outros deputados.
Afinal... Não era possível. Eu só estava lutando pelo povo (deveriam se perguntar alguns)? Com tantas empresas bloqueadas e milhões/bilhões de dólares envolvidos. Eu simplesmente defendia do nada? Sem nenhum "entrosamento político" sem nenhum "lobby", sem nenhum "jogo de interesse". A ideia sempre foi me parar.
Chega de tantos desabafos. Senão, vou escrever demais. Demais mesmo, em todos os sentidos.
O propósito deste texto todo é dizer que CONTINUAREI LUTANDO EM PROL DO POVO E DAS CAUSAS QUE ABRACEI, MESMO FORA DO MANDATO.
Sim... Eu "não estou" mais deputado federal. Poderia ser diferente, sim, talvez. Mas o ex-Secretário da Casa Civil, candidato do PT ao governo da Bahia, voltou ao cargo e assumiu a vaga que ocupava como suplente.
Graças a Deus, ser político para mim sempre foi uma escolha. Não uma necessidade. Uma escolha que, por vezes, quase decidi abrir não. Mas não sou de recuar. Quando eu abraço uma causa, vou até o fim. Por isso mesmo, continuarei garantindo esforços para acompanhar tudo o que venho lutando. Pois tenho compromisso com você, não só com meus eleitores. Mas todo o Brasil que confiou em mim. E que, mesmo sem votar, puderam conferir um Popo dedicado, atento aos anseios do povo, e um guerreiro de ideais, metas, sonhos.. e muita sensibilidade.
Ainda não sei ao certo as cenas dos próximos capítulos. Mas, de uma coisa eu tenho certeza: Nós não somos meros espectadores. Somos os protagonistas.
Quero finalizar dizendo que estamos juntos. E que ainda podem contar comigo! Eu continuo a postos.
Um abraço forte.
Do amigo,
Popó