sábado, 12 de maio de 2012

POPÓ PROMETE "BATER MUITO" NO SEU ADVERSÁRIO NA SUA LUTA DE DESPEDIDA

Cartaz oficial da luta, onde diz que a luta "ficará na História" 

A iniciativa do confronto partiu de Michael de Oliveira, de 22 anos, que mora nos Estados Unidos. O desafio irritou o boxeador baiano, que já o chamou de "palhaço" e "moleque"
O dia 2 de junho entrará para a História esportiva não somente pela despedida dos ringues de um dos maiores pugilistas do Brasil, mas também pela transmissão de uma geração à outra da missão de levar o Boxe brasileiro ao lugar mais alto do pódium. De um lado, com 38 vitórias, sendo 32 por nocaute, e tetracampeão mundial na categoria peso-pena, está o hoje deputado federal Acelino Popó Freitas (PRB-BA), de 36 anos. Do outro, com apenas 22 anos e já detentor de 17 vitórias, 12 por nocaute, e nenhuma derrota, está Michael Oliveira, campeão latino peso-médio pela Confederação Mundial de Boxe. Caberá a Michael, jovem promessa já apelidada de “Rocky brasileiro”, a tarefa de dar prosseguimento ao sucesso obtido pelo veterano Popó.
A iniciativa de fazer a luta partiu do próprio Michael, que soube do desejo de Popó em fazer uma luta de despedida em homenagem ao filho. Por conta do patrocínio, o confronto ocorrerá nas dependências do Cassino Conrad, no balneário de Punta del Leste, no Uruguai. Mas por que desafiar simplesmente um tetracampeão mundial?
Segundo o jovem pugilista, a explicação está no sangue da família: seu avô havia sido boxeador militar. Na infância, entre uma luta e outra que disputava, Michael assistia a vídeos de lutas históricas de seu ídolo-maior no esporte, o americano Rocky Marciano. Aos 18 anos, decidiu entrar de vez no mundo do boxe profissional. Porém, mesmo com o treinamento intensificado, Michael nunca abandonou os estudos. Ele atualmente está concluindo o curso de fisioterapia na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. De lá, onde mora desde os 15 dias de vida, a promessa brasileira concedeu uma entrevista exclusiva ao O FLU Online, onde conta como é sua rotina, entre aulas e lutas:

“Acordo às cinco da manhã para treinar e só volto em casa para o almoço. Depois eu descanso um pouco à tarde, mas lá para às 17h eu volto para academia. Só à noite que eu ainda faço faculdade, mas como meu curso já está acabando, sobra mais espaço para o treinamento”, revela Michael, que fala português perfeito, mas com leve sotaque americano.
Filho de pai e mãe brasileiros e com toda sua família morando no Brasil, o jovem boxeador não descarta planos no seu país de origem, onde já fez três lutas. Um dos projetos é montar uma academia com amplos serviços de fisioterapia, no Rio de Janeiro ou em São Paulo. E como parte da missão que receberá no dia 2 de junho, Michael pretende estimular não só a prática do boxe no Brasil, mas também de todas as outras potencialidades que o país tem.
“O Brasil não é bom só em futebol. Temos aí o time de vôlei, o Anderson Silva (...) Meu "goal" (objetivo, em inglês) é mostrar que nós somos muito melhores do que achamos, em todos os aspectos”
Mas como será a postura deste menino quando estiver frente a frente no ringue com tetracampeão mundial? Michael evita comparações do tipo “Davi contra Golias” e conta que manterá um tom respeitoso diante de Popó.
“Ele sempre foi meu ídolo, desde que assisti a uma luta sua aqui em Miami, em 2003. Mas quando chegar o dia 2 de junho, que vença o melhor. E depois, mesmo se eu ganhar, vou chegar até ele e dizer ‘você sempre será meu ídolo’”, confessa Michael.
Mas do outro lado do ringue, é a raiva que impera. Sentido-se ultrajado pela “ousadia” do desafio, o deputado federal Popó também conversou com O FLU Online, de Brasília. O parlamentar contesta a versão do adversário que ele seria seu ídolo.

“Ele quer agora pagar de mocinho. Que espécie de fã é essa que quer dar soco no seu ídolo?! Ele tem que se inspirar em mim, não bater! Quando eu derrubar esse garoto e ele cair desmaiado, aí sim ele vai poder me ver como fã, e não como adversário.”, revida o pugilista, que não economiza nas palavras, e já teria chamado Michael de “palhaço”.
Segundo o deputado, foi ele próprio que parou no Boxe, e não ao contrário. Mesmo sem subir ao ringue profissional desde 2007, Popó nunca deixou de praticar atividades físicas como corrida e treino de socos no saco de areia. Mas quando aceitou o desafio de Michael, há três meses, o pugilista intensificou a rotina somente para a luta.
“Nunca deixei de treinar, mas dessa vez é especial. Esse garoto não tem ideia de onde se meteu! Vou dar muita porrada nesse moleque!”, resume Popó.
Rivalidades à parte, o deputado baiano também pretende estimular a prática do boxe no Brasil. Ele é autor de quatro projetos de lei em tramitação no Congresso que tratam da temática do incentivo ao esporte. Um deles pretende conceder isenções a atletas olímpicos para inscrições em concursos públicos. Ele também é autor da proposta que visa regulamentar o MMA no país. Mas o projeto que mais consome tempo e dedicação de Popó é seu bate-papo ao vivo com crianças em escolas públicas.
“A atividade parlamentar é muito mais difícil que o boxe. É preciso ter muito jogo de cintura para se esquivar de tentações que rolam lá dentro. Mas eu preciso do Congresso pra estimular o boxe e formar cidadãos, não lutadores”.

Fonte:O Fluminense